Economia e ecologia a serviço da transformação

Economista e advogado de formação, Jair Moggi tem mestrado em Administração de Empresas pela Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (FEA-USP). Tem mais de 30 anos de experiência profissional, foi executivo e consultor de recursos humanos durante 25 anos. Professor da FEA-USP, atua como consultor de empresas em processos de planejamento estratégico, sucessão ou profissionalização, ética empresarial, responsabilidade social, sustentabilidade, gestão empreendedora, inovação, liderança diferenciada, coach, conflitos e recursos humanos. Ex-Presidente de um instituto ligado à ecologia social com visão antroposófica, apresenta-se como “insultor” porque trabalha a partir da pergunta que os clientes trazem e constrói respostas personalizadas a partir da realidade, potencial e necessidades  futuras ainda não  conscientes  de cada cliente.  Rastreia o mundo com seus vários sensores, incluindo o intuitivo. Com essa percepção, ele reconhece a importância da sustentabilidade, da construção e da reconstrução de um novo limiar a ser vencido pela humanidade, que chama de “um novo espírito do tempo”.

A transformação o instiga, “criando oportunidades, gerando resultados, novas realidades sociais, novas formas de organização, de gestão, e, principalmente, de criar comunidades e grupos de trabalho”, ele descreve. Jair Moggi engajou-se na campanha política do PSDB para o governo do Estado de São Paulo com Mário Covas, em 1994. Disponibilizou seu trabalho “como doação, ajudando a facilitar grupos”. Uma pessoa foi indicada para secretariá-lo, e ela o convidou para  atuar como consultor-facilitador numa grande estatal paulista. “Eram 25 mil empregados, com todas as virtudes e as não virtudes de uma empresa estatal”, relembra.

Seu desafio foi provar que os conceitos e as teorias nas quais acreditava poderiam ser aplicados na prática não só nas organizações provadas, MS também no complexo mundo público  tão  crente de modernização em termos de gestão.  Nessa organização, foi “o único consultor que atuou e fez uma transformação a partir da própria corporação”. Isso se deu pelo fato de ter como “suporte o secretário de estado, o presidente e o próprio governador”, explica. Conseguiu “mobilizar a corporação no sentido de mudar a imagem da empresa e colocá-la num patamar de desempenho equivalente a uma empresa privada, fornecedora de um produto essencial, com 25 milhões de clientes”, relata.

Como futuro, tem a visão de interconexão entre todos, como uma grande casa em que a economia e a ecologia, unidas, formam uma nova maneira de viver e “com-viver”. “O planeta é como um cérebro e todos estão conectados a ele. A economia seria a mola propulsora de transformação mundial, tanto a economia quanto a ecologia seriam os caminhos possíveis de mudança para a humanidade”. O tempo de mudanças a partir de lideres carismáticos, gurus ou instituições centenárias já passou  projeta ele. Nesse  presente-futuro, os negócios são vistos como pólo de mudança, ditando valores e impactando o cotidiano da população. Jair Moggi prevê um reequilíbrio da questão predatória, “teremos negócios que continuarão explorando e outros que estarão recompondo a natureza”. O progresso humano é inexorável, o desafio da humanidade agora e para o futuro  é crescer (quantitativo) e se desenvolver (qualitativo), de forma equilibrada e consciente, afirma.

Ele aponta indícios dessa mudança – o que lhe traz esperança. Por isso, diz, está convencido de que “créditos de carbono e novas formas de organização, são um embriões dos negócios do futuro”. Quanto aos passos para a mudança positiva, ele avalia ser necessário “criar situações para compartilhar experiência e melhorar o aprendizado”. A estratégia de viabilização seria por meio de “instituições sem fins lucrativos, independentes de estrutura governamental”, capazes de catalogar e disseminar o conhecimento das ONGs. “Algo nascido da própria articulação da sociedade, a partir da boa fé e da manutenção de todos os membros”, explica.

O economista Jair Moggi entende que há prenúncios de seres humanos com um novo conteúdo. Em seu ponto de vista, os escândalos de corrupção, falta de decoro no Congresso  e a mega crise econômica que se iniciou em 2008, contribuem para gerar nova consciência e melhores escolhas no futuro. Em sua opinião, há uma transição em andamento, pois nos últimos 20 anos as pessoas saem da universidade e chegam às empresas com qualidade diferente de quem nasceu nos anos 40, 50, 60 e 70.. Cita como exemplo de estratégia na direção de sua visão de futuro uma descoberta que fez ao elaborar um projeto. Sua preocupação não era tanto com o que as pessoas iam ganhar, mas com o que iam aprender. Assim nasceu novo impulso, com a construção de uma comunidade na qual o fator predominante “foi a luz no processo, não a sombra no processo”.

Segundo seu relato, o grupo não tinha o básico. “Se não se preparasse para atender o negócio no futuro, simplesmente não haveria mais negócio”, lembra o entrevistado. Dessa forma nasceu o impulso de criar uma comunidade que   respondesse questões práticas do mundo empresarial MS ao mesmo tempo que cuidasse do próprio desenvolvimento dessas pessoas  engajadas na causa de criar algo social novo para o mundo . A integração atuou como forma de reconhecimento do outro em si mesmo, “o segredo de ouro dos processos humanos”, ele diz, ressaltando a importância de preservar a identidade dos indivíduos que participaram dessa construção coletiva integrada.

Junto com o seu sócio, Daniel Burkhard escreveram o livro O capital Espiritual das Organizações – Editora Negócios – 2008 – onde trazem novas ideias, conceitos e paradigmas de gestão para um futuro, cujas   imagens já começa a se delinear no horizonte, afirma.

Entrevista dada a Ideli Domingues – Coordenadora do Livro: Uma nova consciência nos Negócios – Empresas em Benefícios do Mundo – Editora Aquariana – 2011

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